ESCRAVOS NO CEARA
Fonte (Augusto César Magalhães) - Dia 4 de outubro de 1883, enquanto o Ceará como um todo aboliu a escravatura em 25 de março de 1884 e o Brasil no dia 13 de maio de 1888.
Sabe-se que Redenção foi a primeira do Ceará e do Brasil a libertar seus escravos no dia 1º de janeiro de 1883, quando foram libertados seus 116 escravos remanescentes.
Canindé poderia muito tem ter sido a primeira cidade até porque nosso número de escravos era mais significativo, houve um período que tínhamos quase 1000 deles, mas na data da libertação tínhamos 216 remanescentes. A nosso favor tínhamos o nosso Antônio Cruz Saldanha, membro fundador da Sociedade Libertadora "Perseverança e Porvir".
Mas era um questão estratégica. Canindé por aqueles tempos, muito embora houvesse a dificuldade de transporte, já contava com uma enorme visitação de romeiros de toda parte do país nos festejos alusivos a São Francisco Portanto, a Meca Franciscana era um local privilegiado para, no dia do padroeiro, na presença de pessoas de todos os rincões, haver a cerimônia de libertação dos escravos como forma de levar a mensagem desta insurreição libertadora além fronteiras.
REGISTRAMOS esse efeméride no nosso livro "Viagem pela história de Canindé", páginas 85 a 91, eis um pequeno trecho:
" A multidão primou pela atenção. Pediam silêncio no interior da igreja, ocasião em que o Pe. Manoel Cordeiro da Cruz, afamado orador sacro, declarou solenemente:
- Por iniciativa particular, a população do município de Canindé usando da soberania que a consciência do direito de solidariedade humana e fé católica, apostólica e romana outorga aos seus filhos diletos, representados pelos homens mais proeminentes desta cidade e dos campos, resolveram tornar livres todos os escravos existentes neste município e juram, em nome de Deus, diante do altar de São Francisco das Chagas, pela sua honra e pela sua fé, que, mesmo com o risco de perder a vida, a liberdade e os bens, manter o município e Canindé livre, onde desta data em diante, não haverá mais escravos. Viva a liberdade, vViva Canindé, Viva São Francisco das Chagas".
Em seguida todos os presentes se dirigiram ao pátio da Matriz e os 216 cativos que aguardavam na parte inferior, sem ter a exata noção do desfecho daquele "Te Deum", ouviram a notícia pela vo embargada do vigário, Pe. Manoel Barbosa Cordeiro. Momento de emoção, choro e festejos. Assim Canindé, inspirado nos ideais franciscanos, deu por extinta a escravidão nestas terras.