A história está muito mais perto da gente do que se pode imaginar, um pouco de curiosidade, interesse e atenção nos faz deparar diariamente com locais marcados por fatos interessantes.
Ontem (domingo 13 de janeiro) resolvi subir a Serra de Baturité pela ladeira de Campos Belos, que está em obras quase conclusa. Ao chegar em Pacoti, no lado esquerdo se pode divisar uma barragem com uns pedalinhos que outrora eram alugados para passeios dos turistas. Digo “outrora”, porque a barragem está em volume morto, em consequência da seca de 2012. 
È na verdade um pequeno complexo turístico encravado no antigo sítio Pau do Alho. Bem em frente ao restaurante ficava um imponente sobrado que ruiu e teve o restante demolido. Esta foto demonstra como ele era, retratado pelas lentes de Francisco Magalhães Karam em 1951, segundo me disse, quando comprou um jeep novo naquele ano..
No dia 15 de agosto de 1889 (exatamente 90 dias antes da proclamação da república, o casarão hospedou um ilustre visitante, o próprio genro do Imperador D. Pedro II, Gastão de Orleans, conhecido na história como Conde D’eu.
Depois do almoço em Pacoti, já rumo a Mulungu, passamos por um local onde divisava-se um portal, presumivelmente de ferro onde se podia ler: “Sítio Venezuela”. Dito sítio, pertencente a família Caracas (não sei se mudou de dono) também hospedou o Conde D’eu, na mesma viagem que fez a cavalo pela serra acompanhado de distinta fidalguia. Em conversa informal com os proprietários de então, o Conde indagou o nome da propriedade que disseram chamar-se “Cafundozinho”; achou um nome estranho até porque ele era Francês e mesmo há anos residindo no Brasil nunca tinha ouvido tal palavra. De pronto sugeriu que o nome fosse mudado para Venezuela, cuja capital “Caracas” é o mesmo da família proprietária, tendo sido de pronto acatada e desde então adotada.
Tais informações me foram dadas há algum tempo pelo confrade Xico Luiz, proprietário da Fazenda Alto Alegre, em Campos Belos – Caridade. O Xico com sua mente volumosa, compatível com sua compleição avantajada é um verdadeiro arquivo vivo de inúmeras histórias da região. Portanto, desconfie de qualquer história nova que não seja chancelada pelo vasto conhecimento dele.
Ao chega em Aratuba, pode-se ver na entrada um imponente sobrado, testemunha da opulência da aristocracia serrana do auge do ciclo do café. Dita casa, acha-se encravada no sítio Coités e foi ali que nasceu a cidade de Aratuba que antes chamava-se “Coités”.
Todos dizem que a casa foi construída pela Sr. Doca Pereira, rica proprietária de terras na serra e no sertão e que era genitora do deputado, Dr. Joaci Pereira e que a propriedade ainda hoje pertence a família.
Já no sertão passamos à margem da Fazenda Transwal, que pertenceu ao abolicionista Antônio Cruz Saldanha, onde faleceu aos 56 anos em 26 de julho de 1908 e hoje dá nome a Praça Azul, em Canindé

Fonte: Augusto César Magalhães
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