JOSE KARAM - A foto é do ano de 1923
Augusto Cesar Magalhães
Antigamente quando não havia facilidade do transporte entre as cidades e lugarejos, os caixeiros-viajantes eram a única forma de transportar produtos entre diferentes regiões. No Brasil eram chamados de “Mascates” e originavam, via de regra, de países como o Líbano, cuja migração se acentuou após a visita de D. Pedro II aquele país em 1880. Na verdade é um povo que tem no sangue, ao que parece, esse desejo indomável de movimentação, tanto é que existe muito mais líbios espalhados pelo mundo do que no próprio país de origem.
De certa vez, conversando com seu Chico Karam sobre a origem de sua família (pelo lado de KARAM, que significa “luz”), ele me disse que seu pai era um mascate que percorria muitas localidades dos sertões vendendo mercadorias importadas, que conduzia em um lote de animais. Numa dessas viagens, vindo a Canindé exercendo seu ofício e tendo conseguido um lugar para guardar os produtos enquanto os negociava, soltou, como de costume, seus animais para pastar e descansarem até seguir nova viagem. Ocorreu que um de seus animais se afastou do grupo, talvez em busca de melhores pastagens e sumiu. Dito animal foi localizado na Fazenda do Sr. João Militão de Magalhães que não conhecendo a marca do animal e vendo que o ferro era da freguesia de Fortaleza, resolveu prendê-lo e tentar localizar o dono. Não demorou muito para que Jose Karam tomasse conhecimento do paradeiro do muar e se deslocasse em busca o contato com o proprietário.
Lá chegando foi bem recebido, reconheceu o animal ao passo que mostrou o marca do cavalo que andava e era a mesma do burro que se achava no cercado próximo, tendo sido o animal foi devolvido sem nenhum custo. Desde aquele dia nasceu entre José Karam e João Militão uma respeitosa amizade e a partir de então toda vez que o “cacheiro” vinha a Canindé visitava o amigo. O certo é que José Karam acabou conhecendo a filha do amigo, de nome Maria Augusta, com quem veio a contrair núpcias e formar numerosa e destacada família. Assim como o destino apresenta, eventualmente, suas notas desafinadas, também se utiliza de tais vicissitudes para promover uma grande obra. Os filhos do casal são pessoas destacadas pela inteligência, pela honradez , além de se destacarem como médico, dentista, oficiais das armas, entre outras profissões e também no comércio. É de se destacar, entretanto, a figura do saudoso Chico Karam, a quem Canindé muito deve por ter tido a preocupação em estudar e registrar a história.
Fonte: Augusto César Magalhães